sábado, agosto 27, 2011

Me levou com você.



Que porra eu ia esperar da vida agora? Quem iria me levar para longe se você não me queria mais por perto? Não teve como. Foi a primeira vez na vida que não consegui me enrolar e acabei deixando a dor vencer. Pela primeira vez a realidade falou mais alto que a fantasia. Pela primeira vez a realidade da sua ausência falou mais alto que a fantasia de anos a sua espera. Sofri pra caralho, como diz por aí quem sofre pra caralho. Mais do que livros cabeças, músicas bacanas, frases inteligentes, lugares descolados, você me ensinou o que realmente importa aprender nessa vida: que a vida pode ser uma grande, imensa e gigantesca merda. Que nem ninguém e nem nada pode te levar para longe de nada. É isso e pronto. E é assim pra todo mundo. E pronto. Qual o drama? A dor infinita dos dias infinitos que vieram depois do dia em que você se foi pra sempre veio misturada com toda a dor que eu não senti em todos esses anos. A dor infinita dos dias infinitos que vieram depois do dia em que você se foi pra sempre veio misturada com toda a dor que eu não senti em todos esses anos. A dor trouxe vasos jogados, longas discussões pesadas, tardes perdidas em odiar o mundo, cabeças viradas, corredores frios. A dor da sua partida trouxe toda a dor do mundo. De uma só vez. Mas agora já passa da meia noite. Você chegou e me levou embora. Levou embora a menina que tinha medo de sentir a vida e esperava uma salvação para tudo. Quem sobrou é essa desconhecida que se conhece muito bem em suas bizarrices e lê jornais todos os dias.

Ele sempre vai saber.



É triste ver o sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. É triste lembrar como eu ria com ele. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa? Ele sabe, ele sabe.

O homem mais lindo do mundo.



E você ainda é o homem mais lindo do mundo. No canto da foto dos amigos bêbados, e você é o homem mais lindo do mundo. Com gorro, no meio da confusão do frio. Escondido embaixo de tanta roupa. No fundo do mar. No escuro. De costas naquela festa chata. Meu Deus, como você é lindo. Não sei direito o que é isso que eu sinto por você. Mas como é maravilhoso fumar você, cheirar você, tomar você, injetar você. Calar a boca. Me pergunta uma daquelas coisas para eu dar uma daquelas respostas que você morre de rir. Me deixa pirar no seu céu da boca escancarado. Você se joga pra trás. Me deixa ser linda vestindo você. E como eu não sou mulher de correr da dor, deixo ela entrar aos pouquinhos, esbugalhar meus sentidos, enfraquecer meu orgulho. Quando vejo, estou calada novamente, ouvindo o que você não diz e vendo o que você não faz . Não existe não morrer um pouco quando você chega.

Lobotomizar meu coração.



Eu sou apenas a garota angustiada, de cabeça metralhadora, de tremedeira na existência, de maxilares travados de tanto que dói gostar tanto de tudo. Eu sou apenas a garota que tenta ser amada. E sou profundamente amada por alguns meses, até o garoto segurar firme a minha mão e dizer "nós somos inseguros e queremos uma garota normal". E então eu me pergunto se não deveria lobotomizar meu cérebro pra pensar menos, lobotomizar meu coração pra sentir menos.

Não me devolva mais.



Cansei das promessas de compra e das devoluções gastas do meu corpo. Cansei de expor minha alma se no fim tudo acaba mesmo.

She will be loved.



A gente entende que saudade, além de não se traduzir, também não se cobra. Que presença e importância não se impõe.

O amor é quando a gente mora um no outro.



Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer... E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, e da minha boca fechada nasceram sussurros e palavras mudas que te dediquei. O amor é quando a gente mora um no outro.

Saudade de você.



Eu tenho saudade de mil coisas e todas essas mil coisas sempre caem na mesma única coisa de que eu tenho tanta saudade.
Eu tenho saudade de tudo.
Não é um sentimento egoísta e muito menos possessivo. É apenas uma saudadezinha. Gostosa, tranqüila, bonita, saudável, de longe.

Tua loucura e o meu amor.



Você com sua mania de conversar quase dentro da minha cara. Eu vesga de te ver tão perto. Seu charme míope e inseguro. O menino inseguro que conversa colado na minha retina. Que insegurança é essa? Eu não te pergunto nada, apenas desejo tanto você que sorrio como se não me importasse com sua existência. Mas você resolve se explicar mesmo assim. Porque "seus olhos estão sempre me perguntando algo", você diz. E você começa sua loucura que me faz gostar ainda mais de você.

Não que fosse amor de menos, era amor demais.



Você deixou algumas coisas aqui em casa. Fui pegar minha escova de cabelo antiga e tinha uns fios loiros nela. Estão aqui, vim te devolver. Depois eu fui mexer no meu computador e tinha umas fotos nossas, umas você fazia careta, outras você tampava meu olho ou me tampava, achando que outra garota iria olhar pra mim. Você esqueceu o pote de morango aberto e eu sei que foi você, porque eram morangos grandes e quando íamos no mercado, você perdia horas escolhendo. Você esqueceu a parede suja de esmalte verde água, daquela tarde de chuva que você tentou pintar meu cabelo porque falei que suas unhas estavam curtas demais. Você esqueceu de deletar suas músicas do meu ipod. Você esqueceu as lembranças dos dias no shopping, dos dias no parque que você sentava no balanço e eu te derrubava, ao invés de te empurrar. Você esqueceu a sua marca de batom no espelho, a declaração de amor na folha do meu caderno e o dia que deitamos na areia de praia pra ver o sol e acabamos se jogando no mar de roupa. Esqueceu de levar suas manias de mordidas e esqueceu de sair dos meus sonhos. Você esqueceu de me ouvir? Enfim, eu só vim devolver o casaco que você esqueceu.

Deixa tudo comigo, apenas exista.



Eu é que estou errada quando paro um pouquinho para olhar com tristeza esses sustos do amor. Não tem mais você tirando sarro quando eu não aguentava a dor no peito e te dizia no escuro que era mais ou menos amor mesmo. Porque era. Porque é. Se você soubesse o estado que estou agora, zumbi, pegando detalhes seus por aqui, e doendo tanto que nem sei mais por onde começar. Eu não aguento mais começar. Queria tanto continuar. Não sei, não aguento, ainda não posso, mas queria continuar.

Desistir da vida.



Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem.

Menina.



Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. ergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Sonhos, se realizam, ou não. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.

Se não for hoje, um dia será.



Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito.

Sua ausência.



Não sentia mais sua ausência porque eu também era ausência.

Te dizer, em silêncio.



Eu estava parado à beira da janela enquanto lembranças obscuras começavam a se desenrolar. Era dessas lembranças que eu queria te dizer.

Amor, outra vez.



Sorriram um para o outro e tudo estava certo outra vez. E tudo tinha um gosto bom.

Just you.



Virava pra lá e pra cá na cama, estava impaciente, até me senti no escuro, pensei: Não era uma posição o que eu procurava. Era você.

Meus fantasmas.



Mas queria que você entendesse os meus poços escuros, os meus becos — que me fazem mergulhar em silêncios às vezes longos.

Não importa quanto vai durar - é infinito agora.



Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas.

Não se perca de mim.



Tenho de ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco sem saída.