quarta-feira, dezembro 22, 2010

A carta.


Levantamos os olhos, nos encaramos tensos, quase em ódio, quase em amor, naquela repressão à beira de alguma coisa que poderia conduzir a qualquer gesto, mesmo ao homicídio. Mas sorrimos, e foi depois que tudo quebrou. Jamais voltamos à entrega mesma de antes e à ausência de solicitações e à aceitação sem barreiras. Foi de um de nós que partiu a morte, ou ela já nascia involuntária como a madrugada por trás dos vidros?

Olha em torno, o vazio do olhar fundindo-se com o vazio da sala. Um detalhado roteiro, feito dissesse dissimulado estou esperando, você pode me encontrar. Ah, como doía manter-se assim disponível, completamente em branco para a procura. Não consegue fixar-se em nada. Uma ordem interna, imutável, solidificada. Por que lhe é negada essa possibilidade de entrega ao que está sendo? Por que a espera, se a espera não o cabe mais?

Eu não procurei, não insisti. Contive tudo dentro de mim até que houvesse um movimento qualquer de aceitação. Quando houve, cedi.

Depois ela chama por outro nome. Não o seu. Abre uma gaveta à toa, papéis misturados, envelopes, cartas que não dizem nada, não trazem nada.

Prefere o dilaceramento cada vez mais intenso, mais insolucionado. Precisa sofrer e morrer muitas vezes por dia para sentir-se vivo. Chegara à constatação de que era só, único, e que devia bastar-se a si mesmo, e justamente por isso precisava de uma outra pessoa. Amassa várias folhas de papel, joga-as no chão, gesto brusco. Você sabe que vai ser sempre assim. Que essa queda não é a última. Que muitas vezes você vai cair e hesitar no levantar-se, até uma próxima queda. Prefere jogar-se numa atitude que seria teatral, não fosse verdadeira, sentir os espinhos rasgando carne, as pedras entrando no corpo, o rosto espatifado contra o fim desconhecido. Precisa ir até o fundo.

Apóia o corpo na janela. Acende um cigarro. Espia a rua, as pessoas, a noite que se cumpre mais uma vez. Liga o rádio. Não ouve a música.

Suspira. Exausto.

Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido -e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas olf1ilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero. Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto.

sábado, dezembro 18, 2010

Sua vida, comigo.


O que eu sinto agora me fez ficar acordado a noite toda, só imaginando como seria nossas vidas juntas.

Simples.


É por isso que não conto às pessoas sobre nós. Eles não iriam entender, e não sinto necessidade de explicar, simplesmente porque sei em meu coração como foi real. Quando penso em você, não posso deixar de sorrir, sabendo que você me completa. Eu te amo, não só agora, mas sempre, e sonho com o dia em que você vai me abraçar novamente.

Teu erro.


O brilho que emana da tua alma pode ser visto a qualquer distância. O teu erro foi querer mostrá-lo a uma moça cega dos dois olhos.

A queda.


Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto.

Vida errada.


Fico tão cansada às vezes, e digo para mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida.

Ninguém.


Fiquei tão só, aos poucos. Fui afastando essas gentes assim menores, e não ficaram muitas outras. Às vezes, nos fins de semana principalmente, tiro o fone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado. Não foi.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Ir embora.


Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre vão embora. Que se dane o depois, eu sou agora, ou pelo menos era. Ele vai embora, sempre, quando o parágrafo passa de três linhas, o pensamento dele ultrapassa meus olhos, o som se perde da minha boca para qualquer outro canto do mundo que não tenha seus ouvidos e ele olha fixamente para qualquer outra coisa que não seja a minha existência. Sempre a mesma cara de tédio e de busca pelo resto que não se repete ou não se prolonga. Ele sempre vai embora quando eu queria que ele se perdesse um pouco, rasgasse a agenda, lançasse o celular no rio, desligasse todos os toques, luzes e sinais de que há todo o resto. Esquecesse do sono, do livro, da planta, das lembranças. Ele sempre vai embora do meu mundo quando eu só queria que ele descansasse um pouco de ser ele o tempo todo, mas ele tem muito medo de não ser ele, talvez porque ele não saiba o que ele é. Ele sempre vai embora pra descobrir quem ele é, ou para lembrar que ele é o mesmo de sempre que não sabe quem é, ele sempre vai embora antes da gente ser alguma coisa juntos.O outro foi embora a primeira vez porque estava bêbado demais, foi embora a segunda porque ficou tarde, foi embora a terceira porque teve medo de ficar pra sempre.

Não lembro mais.


O que aqui escreve sou eu com saudade. Indigno de menção fotográfica. O teu olhar velado, veio do outro lado, visitar o meu, sem hora pra voltar e eu nem lembro quanto tempo faz.

Verdades.


É chegado o dia em que a gente vai parar de fazer as coisas pela metade, para fazê-las de verdade. Não mais direi meias-palavras, muito menos acreditarei em meias-verdades. Eu quero a verdade por inteiro, e quero que ela seja dolorida, se tiver que ser, ou prazeirosa, ou como eu bem quiser - mas que seja de verdade.

Sem esquecer, sem relevar, sem perdoar.


Eu não acredito nas palavras, acredito nos fatos, nas coisas e nas ações. Então o que é o perdão se não um produto sem justificativa pelo uso? E isso tudo é só um símbolo, é uma faca que não corta mais. E por isso eu não devia me calar o tanto. Essa lâmina continua afiada, e era eu que ainda não tinha observado tentando superar o mau gosto do meu sangue. E as lágrimas assim vão sendo confiscadas... tudo através do produto que continuam estagnadas nas pontas dos dedos e as minhas não são capazes de superar o medo e não conseguem ver que a vida continua.
Sem esquecer, sem relevar, sem perdoar.

Me diga algo que eu não sei.


Eu não sinto saudade, pois me apego a histórias, ações e a fisionomias. E não tem como sentir saudade dessas coisas. Eu levo tudo isso comigo. Pra sempre. Acomodo minha cabeça em qualquer travesseiro e fecho os olhos. O interior de minhas pálpebras me serve como tela para projetar tudo isso, sempre que eu sentir falta de você.

Eu te encontrei.


Acredite, é impossível procurar algo que a gente não sabe o que é. Eu parei de procurar, e te vi sentada ao meu lado na fila de espera por alguma coisa qualquer. Eu procurava alguma coisa que justificasse todas essas palavras que eu cuspo em todas as direções, sobre uma vida que eu sonhava viver. Nada foi em vão. Hoje sei que nem a mais profunda escuridão vai me impedir de enxergar teu rosto, mesmo com os olhos fechados.

Oh, Kelsey.


É como se eu fosse um texto em que você só leu o primeiro parágrafo, ou apenas o título, ou até mesmo simplesmente ignorou por não gostar da ortografia do escritor. E eu não falo de dor. Eu falo da angústia que é não sentir nada.

O que eu sinto?


Às vezes me pego sentindo nada, ou quase nada, mesmo quando tudo que quero é sentir algo. Tanto quero sentir que praticamente acredito na minha própria mentira. Acredito tão piamente que sinto que acabo sentindo, quando na verdade nada sinto.

Felicidade.


Passei a acreditar que a felicidade mora na inexistente fração de tempo em que o passado toca o futuro. Se o passado é distração e o futuro, preocupação, sobra para nós, perseguidores da felicidade, a inexistente ilusão do presente, em que tu és o que tu fazes, e nada nem ninguém mais importa. Isso é felicidade. Agora te concentra e tenta materializar um momento que não acontece jamais. Sorria, pois já é quase dia e tu tens que acordar cedo.

Vingança.


Por muito tempo você acreditou que viveria o resto dos seus dias sem jamais voltar a cruzar o meu caminho. No entanto, ecoa pelo ar e chega aos teus ouvidos a minha voz e minha figura te ocupa o fundo dos olhos, seja qual for o lado que você esteja a olhar. É o tempo fazendo a justiça que eu tive preguiça de lutar para obter. É o dia-após-o-outro, é o aqui-se-faz-aqui-se-paga em dose pura e concentrada, vagando pelas tuas veias, te matando aos poucos. É cada aresta de cada letra de cada frase que eu escrevo te cortando a pele como uma navalha cega. É a imagem, o som e a sensação da angústia e da dor. É o tormento causado pela lembrança que hoje bate à sua porta. Oi. Desligue o rádio e a TV. Eu vou estar no seu programa favorito.

Desistir.


Não quero pensar besteira, não pensar na verdade. Ou construo o que quero saber, ou não preciso saber de nada. Só não posso perder meu tempo pensando nisso, porque pensar demais faz a gente desistir.

Mas eu te amo.


Como pode? Duas pessoas tão diferentes se amarem a ponto de não conseguirem desviar os pensamentos um do outro. Certo dia me perguntaram: "Porque você se apaixonou?" Eu respondi: "Não sei." E talvez continue não sabendo. Eu simplesmente amo, acordo e vou dormir com ele nos meus pensamentos.

Uma vez e pra sempre.


É tudo tão bonito que me dói e me pesa. Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre.

Partiu.


Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e, pois não ficava. Completo, partiu.

Só isso.


Tenho muito mais dúvidas do que certezas, hoje com certeza eu só tenho você.

Real e abstrato.


Entre um rosto e um retrato. O real e o abstrato. Entre a loucura e a lucidez. Entre o uniforme e a nudez. Entre o fim do mundo e o fim do mês. Entre a verdade e o rock inglês. Entre os outros e vocês. Eu me sinto um estrangeiro. Passageiro de algum trem. Que não passa por aqui. Que não passa de ilusão.

sábado, novembro 20, 2010

Viva seu último romance.


“Como é que tu tá?”
Vai ver alguém hoje à noite?
Saiba que não estou aqui pra levantar o tom, nem o volume da voz. Já o fiz por tantas vezes que hoje digo para mim mesmo: “não mais”. Não temos mais nada em jogo aqui, não é mesmo? Já me ocupam cada centímetro do peito os mesmos sentimentos que eu vivia na ocasião em que te conheci. Sinto-os como se fossem inteiramente novos. A circunstância é outra, a pessoa é outra, e até o próprio sentimento assume diferentes formas. Mas ele me estufa o tórax com tal força que eu me sinto impelido a cuspir tudo fora, sem foco ou direção.
Eu tenho minhas convicções. Tinha. Quanto mais a vida avança, mais eu vou me acostumando a conjugar tudo no pretérito. É assim que te conjugo hoje. Olhar pra trás e ver-se contrariando todas as convicções que pareciam gravadas em pedra pode ser dolorido. E é, como em todas as vezes que assumimos nossos próprios erros.
Eu tô passando por cima de muitas convicções, aqui. Eu tô quebrando uma porção de promessas infantis, também.
Mas quem sou eu, pra me contrariar?
Eu queria saltar de um avião e abrir o pára-quedas somente no último milésimo de segundo que me separaria da eternidade.
Mas aí alguém me chamou para planar.

“Como é que tu tá?”
Eu quero te ver hoje à noite.
E eu não estou aqui para ser mais um capítulo insignificante no teu livro de contos. Já passeei por tantos livros mal-escritos que hoje me encarei no espelho antes de te ligar, dizendo: “não mais”. O nada que existe entre nós é tão perturbador que tenho medo de imaginar o que existe em jogo aqui. A folha está em branco. Essa relação disforme pode ter o significado que tiver, mas vai ser sempre superlativa em vários aspectos. Cabe a mim administrar na cabeça a responsabilidade de ter todas as fichas apostadas, sempre. Cabe a ti pegar na minha mão e jogar os dados.
O sentimento que eu pulverizo em forma de palavra escrita abre espaço no meu peito para o que é novo. Me pego falando sozinho, perguntando pra mim mesmo até quando eu consigo sustentar por debaixo da minha cara sisuda o sorriso que me rasga a face de fora a fora. Talvez se eu te mostrasse tudo, tu passaria por cima de mais umas convicções. O caminho é agridoce, e começa debaixo desses lençóis dos quais a gente hesita tanto em sair.
Como está o meu romance? Planando como o teu, e procurando ventos novos para jamais colocar os pés no chão novamente.

Desate o nó.


Tudo era tão novo e já passou por mim
Como eu fui tão bobo e não vi mudar
Todo o seu jogo não foi tão ruim
Mas não tente de novo, eu não sei jogar
Escorreu no rosto o que restou de ti
Foi quando o tempo resolveu parar
"Tente me entender" foi tudo o que eu li
Nunca foi parte dos teus planos aceitar
Nunca fiz parte dos teus planos de tentar
Só me diga, me diga que não passa de mentira
Me diga, não minta que isso tudo é apenas ilusão
Me diga, que sabe o que fazer da sua vida
Me diga, mas não diga "não"
Corte os laços, desate o nó
Jogue fora os pedaços, transforme em pó
Quem sabe assim você pode lembrar;
Apague o rastro por onde passou
Porque quero fugir que você deixou
Tudo que eu não esqueço mais...
Me diga "Sim".

Plágio de uma bela melodia.


Eu vivo um refrão antigo, feito às pressas, plágio de uma bela melodia.
Eu vivo um sonho toda noite, eu vivo a noite todo dia.
O que eu não pude prever, o que eu não queria.
E quando eu ver tv, vou ter sempre uma chance de lembrar.

Um brinde.


Um brinde ao que deu certo, ao que não deu em nada. Um brinde ao caminho incerto, à pessoa errada.
Um brinde à tudo que acontece, um brinde ao que nunca vai acontecer. Tudo que mudou, e a tudo que nunca vai mudar.

Por você.


E pra você desejo sorte, e que alguém te faça ver que tudo pode ser tão diferente, que você consiga mudar e ver que o que queria não vale a pena, não ter pra quem chamar, não ter pra quem sorrir, volte para o seu lugar mas se você quiser voltar eu estarei aqui por você, para te esperar.

domingo, novembro 07, 2010

E agora?


Só lembro que tocava Paul McCartney, que fazia frio, e que eu dizia coisas que eu nunca imaginava que fosse capaz de dizer. Coisas que sempre bradei para as paredes, mas que agora encontraram destinatário. Esse sentimento não cabe em mim.
E agora?

A tua onipresença.


Os meus pensamentos parece ter feito o resto do mundo evanecer frente aos meus olhos. Eu consigo facilmente enxergar teu vulto sob a luz dos postes, bem como o teu reflexo ao lado do meu, nas vitrines das lojas. A TV tenta, mas não consegue abafar o som da tua voz, cujo calor provocado pela proximidade da tua boca me fez esquecer do frio que faz lá fora. No lugar de onde venho, sempre faz frio lá fora, e a vontade de sanar esse frio me trouxe até você. E, agora, com teus passos ecoando junto aos meus, acho que não consigo mais andar sozinho. E, mesmo que eu consiga, não quero fazê-lo. Hoje eu sei como é a sensação de acordar e ver que aquele sonho antigo nada mais é do que a atual realidade.

Alguém que te amou.


Não vou nunca mais poder ser teu;
Eu não sou ninguém sem ter você ao lado meu.
Se me perguntam quem eu sou:
Sou o que sobrou de quem um dia te amou.

Mais uma vez.


Se algum dia encontrar você e eu não chamar teu nome, é porque eu não sei viver sem você.

Não desisto de tentar, só cansei de te esperar.


Nada começou, já quero saber como será o fim. Nada terminou, e eu esqueci como foi que eu comecei. Tudo acontece e é o nada que tenho procurado nesses últimos dias. Mas eu não faço nada para que isso aconteça, e é por isso que tudo tem acontecido, assim, dessa forma.

E agora eu digo adeus.


Você deixou de acreditar
Você chegou a duvidar de mim.
Você perdeu o seu lugar, que por muito tempo eu guardei aqui.
E agora eu digo adeus.

Eu quero você.


Quero chegar onde eu não posso ir
Quero descer pra te fazer subir
Quero cantar pra quem não quer sentir
Quero chorar quando morrer de rir
Quero que tudo seja sem querer
Quero ganhar, pois não posso perder
Quero que você só confie em mim
Eu quero terminar tudo antes do fim.

Ainda pode me salvar.


Este coração que tu levaste praí é o meu.
Traz de volta, por favor.
Estou aqui com o teu.

Transformou meu tango nesse carnaval.


Mas na minha memória eu vou guardar ela pra mim.
Você se foi do mesmo jeito que chegou;
Você se foi pra sempre, nem telefonou e nem me avisou.

Me convença a desistir.


Diga sem medo enquanto ainda quero ouvir;
Conte todos seus segredos, me convença a desistir.

Sem repetir.


Meia-comédia, meio sem jeito. Um frio que virava calor quando batia no peito.
"Deixe de lado os olhares estranhos. Aceite seus erros, acertos e esqueça seus planos. Para tudo! Para tudo!", repetia.
Não parava de repetir.
Eu deixei tudo de pupilas dilatadas, e afinal, nunca é hora errada, não existe hora certa.
Não tem "não", não tem regra do "porque".
Eu resolvi parar.
"Vai dormir sabendo", uma única vez. Sem repetir.

Quem sabe.


Quem sabe eu não saiba nada
Ou saiba tudo que eu não sei
Quem sabe a hora está errada
Ou há horas já errei.

Nada mal, tudo igual.


Lembrar você me faz acreditar que eu posso te esquecer; E qualquer outro dia, se você me ver, não venha me chamar.

sábado, novembro 06, 2010

Sem escolhas.


Desculpe dizer, mas não tenho escolha. Tentei tantas vezes seguir você, mas cada vez que eu te procuro, eu me perco mais... Pedi pra você mudar a minha vida, mas nunca ouvi você responder. E cada vez que eu te vejo, eu te perco mais... Já tentei mudar, te tirar do meu mundo, mas não aprendi como esquecer, e toda vez que eu me lembro, eu me sinto mal... Tentei me esconder, me livrar da tua vida, mas no fim de tudo eu não sei perder, e toda vez que eu te vejo, eu mudo o canal... quero o que ninguém pode me dar. Queria ser alguém melhor.

Nunca vem.


A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não.

Apenas isso.


Um gesto e três palavras para encher o silêncio. Que de tão repleto não cabe em si mesmo. Ele diz não. Sua resposta me enche de uma brusca vergonha. Como se tivesse descido mais fundo do que eu, dispensando as facilidades que tambem são fuga. Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre. Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada. O momento me esmaga por dentro. Repetir mil vezes: não quero esperar. Por que feri? Por que feriu? Por que estamos dizendo coisas que não sentimos nem queremos? Feito, febre, baixava às vezes nele aquela sensação de que nada daria jamais certo, um futuro onde não haveria o menor esboço e uma espécie qualquer não sabia se de esperança, fé, alegria, mas certamente qualquer coisas assim.

Ele foi embora pra sempre.


Ele partiu sem nenhuma dor. Ela fechou a porta e sua vida continuou de onde estava. Pela primeira vez, ela fechava aquela porta sem sentar na escada e chorar por ele ter ido embora pra sempre. Pela primeira vez, ele saiu sem que ela o observasse partir com o coração apertado. Pela primeira vez, ele foi embora sem deixar uma gotinha de esperança de que ela pudesse tê-lo de volta na vida dela. Pela primeira vez, ele partiu sem que eles tivessem trocado mais do que um abraço apertado. Pela primeira vez, ele se foi sem que eles tivessem remexido o passado ou chorado porque alguma coisa não deu certo entre eles. Pela primeira vez, ele foi embora de verdade. Pela última vez, ele foi embora.

Você não vai voltar se eu for embora.


Por que eu não paro de falar? Por não saber o que falar? Palavras não tem sentido, eu já não tenho abrigo. E se eu paro pra pensar, por que não paro de pensar? Se já não faz sentido, não me vê mais como amigo. E quer sair pra outro lugar, pra pôr alguém no meu lugar, mas isso não tem sentido, se não vier comigo. Porque você não vai ligar, se eu deixar de te ligar, falar de mim não tem sentido, se já não dá ouvidos. Se eu te disser, que antigamente eu pensei que agora eu saberia exatamente o que fazer agora, mas se você quer me deixar de fora, eu posso tentar ser feliz lá fora.

terça-feira, novembro 02, 2010

Remar. Re-amar. Amar.


Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica, o que for. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.

Remar.
Re-amar.
Amar.

Não desista.


Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar. Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista.

Não se perca. Não queira me perder.


Eu confesso, tá dificil, tá complicado, eu tô sentindo medo. Mas eu tenho que te pedir uma coisa. Não deixa tudo isso terminar, não deixa virar nada, não se perca, não queira me perder.