O imprevisto acontece e alguém te encontra. E te reecontra. Te reinventa. Te reencanta. Te recomeça.
sábado, novembro 20, 2010
Viva seu último romance.
“Como é que tu tá?”
Vai ver alguém hoje à noite?
Saiba que não estou aqui pra levantar o tom, nem o volume da voz. Já o fiz por tantas vezes que hoje digo para mim mesmo: “não mais”. Não temos mais nada em jogo aqui, não é mesmo? Já me ocupam cada centímetro do peito os mesmos sentimentos que eu vivia na ocasião em que te conheci. Sinto-os como se fossem inteiramente novos. A circunstância é outra, a pessoa é outra, e até o próprio sentimento assume diferentes formas. Mas ele me estufa o tórax com tal força que eu me sinto impelido a cuspir tudo fora, sem foco ou direção.
Eu tenho minhas convicções. Tinha. Quanto mais a vida avança, mais eu vou me acostumando a conjugar tudo no pretérito. É assim que te conjugo hoje. Olhar pra trás e ver-se contrariando todas as convicções que pareciam gravadas em pedra pode ser dolorido. E é, como em todas as vezes que assumimos nossos próprios erros.
Eu tô passando por cima de muitas convicções, aqui. Eu tô quebrando uma porção de promessas infantis, também.
Mas quem sou eu, pra me contrariar?
Eu queria saltar de um avião e abrir o pára-quedas somente no último milésimo de segundo que me separaria da eternidade.
Mas aí alguém me chamou para planar.
“Como é que tu tá?”
Eu quero te ver hoje à noite.
E eu não estou aqui para ser mais um capítulo insignificante no teu livro de contos. Já passeei por tantos livros mal-escritos que hoje me encarei no espelho antes de te ligar, dizendo: “não mais”. O nada que existe entre nós é tão perturbador que tenho medo de imaginar o que existe em jogo aqui. A folha está em branco. Essa relação disforme pode ter o significado que tiver, mas vai ser sempre superlativa em vários aspectos. Cabe a mim administrar na cabeça a responsabilidade de ter todas as fichas apostadas, sempre. Cabe a ti pegar na minha mão e jogar os dados.
O sentimento que eu pulverizo em forma de palavra escrita abre espaço no meu peito para o que é novo. Me pego falando sozinho, perguntando pra mim mesmo até quando eu consigo sustentar por debaixo da minha cara sisuda o sorriso que me rasga a face de fora a fora. Talvez se eu te mostrasse tudo, tu passaria por cima de mais umas convicções. O caminho é agridoce, e começa debaixo desses lençóis dos quais a gente hesita tanto em sair.
Como está o meu romance? Planando como o teu, e procurando ventos novos para jamais colocar os pés no chão novamente.
Desate o nó.
Tudo era tão novo e já passou por mim
Como eu fui tão bobo e não vi mudar
Todo o seu jogo não foi tão ruim
Mas não tente de novo, eu não sei jogar
Escorreu no rosto o que restou de ti
Foi quando o tempo resolveu parar
"Tente me entender" foi tudo o que eu li
Nunca foi parte dos teus planos aceitar
Nunca fiz parte dos teus planos de tentar
Só me diga, me diga que não passa de mentira
Me diga, não minta que isso tudo é apenas ilusão
Me diga, que sabe o que fazer da sua vida
Me diga, mas não diga "não"
Corte os laços, desate o nó
Jogue fora os pedaços, transforme em pó
Quem sabe assim você pode lembrar;
Apague o rastro por onde passou
Porque quero fugir que você deixou
Tudo que eu não esqueço mais...
Me diga "Sim".
Plágio de uma bela melodia.
Um brinde.
Por você.
domingo, novembro 07, 2010
E agora?
A tua onipresença.
Os meus pensamentos parece ter feito o resto do mundo evanecer frente aos meus olhos. Eu consigo facilmente enxergar teu vulto sob a luz dos postes, bem como o teu reflexo ao lado do meu, nas vitrines das lojas. A TV tenta, mas não consegue abafar o som da tua voz, cujo calor provocado pela proximidade da tua boca me fez esquecer do frio que faz lá fora. No lugar de onde venho, sempre faz frio lá fora, e a vontade de sanar esse frio me trouxe até você. E, agora, com teus passos ecoando junto aos meus, acho que não consigo mais andar sozinho. E, mesmo que eu consiga, não quero fazê-lo. Hoje eu sei como é a sensação de acordar e ver que aquele sonho antigo nada mais é do que a atual realidade.
Alguém que te amou.
Não desisto de tentar, só cansei de te esperar.
E agora eu digo adeus.
Eu quero você.
Transformou meu tango nesse carnaval.
Sem repetir.
Meia-comédia, meio sem jeito. Um frio que virava calor quando batia no peito.
"Deixe de lado os olhares estranhos. Aceite seus erros, acertos e esqueça seus planos. Para tudo! Para tudo!", repetia.
Não parava de repetir.
Eu deixei tudo de pupilas dilatadas, e afinal, nunca é hora errada, não existe hora certa.
Não tem "não", não tem regra do "porque".
Eu resolvi parar.
"Vai dormir sabendo", uma única vez. Sem repetir.
Quem sabe.
Nada mal, tudo igual.
sábado, novembro 06, 2010
Sem escolhas.
Desculpe dizer, mas não tenho escolha. Tentei tantas vezes seguir você, mas cada vez que eu te procuro, eu me perco mais... Pedi pra você mudar a minha vida, mas nunca ouvi você responder. E cada vez que eu te vejo, eu te perco mais... Já tentei mudar, te tirar do meu mundo, mas não aprendi como esquecer, e toda vez que eu me lembro, eu me sinto mal... Tentei me esconder, me livrar da tua vida, mas no fim de tudo eu não sei perder, e toda vez que eu te vejo, eu mudo o canal... quero o que ninguém pode me dar. Queria ser alguém melhor.
Nunca vem.
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não.
Apenas isso.
Um gesto e três palavras para encher o silêncio. Que de tão repleto não cabe em si mesmo. Ele diz não. Sua resposta me enche de uma brusca vergonha. Como se tivesse descido mais fundo do que eu, dispensando as facilidades que tambem são fuga. Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre. Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada. O momento me esmaga por dentro. Repetir mil vezes: não quero esperar. Por que feri? Por que feriu? Por que estamos dizendo coisas que não sentimos nem queremos? Feito, febre, baixava às vezes nele aquela sensação de que nada daria jamais certo, um futuro onde não haveria o menor esboço e uma espécie qualquer não sabia se de esperança, fé, alegria, mas certamente qualquer coisas assim.
Ele foi embora pra sempre.
Ele partiu sem nenhuma dor. Ela fechou a porta e sua vida continuou de onde estava. Pela primeira vez, ela fechava aquela porta sem sentar na escada e chorar por ele ter ido embora pra sempre. Pela primeira vez, ele saiu sem que ela o observasse partir com o coração apertado. Pela primeira vez, ele foi embora sem deixar uma gotinha de esperança de que ela pudesse tê-lo de volta na vida dela. Pela primeira vez, ele partiu sem que eles tivessem trocado mais do que um abraço apertado. Pela primeira vez, ele se foi sem que eles tivessem remexido o passado ou chorado porque alguma coisa não deu certo entre eles. Pela primeira vez, ele foi embora de verdade. Pela última vez, ele foi embora.
Você não vai voltar se eu for embora.
Por que eu não paro de falar? Por não saber o que falar? Palavras não tem sentido, eu já não tenho abrigo. E se eu paro pra pensar, por que não paro de pensar? Se já não faz sentido, não me vê mais como amigo. E quer sair pra outro lugar, pra pôr alguém no meu lugar, mas isso não tem sentido, se não vier comigo. Porque você não vai ligar, se eu deixar de te ligar, falar de mim não tem sentido, se já não dá ouvidos. Se eu te disser, que antigamente eu pensei que agora eu saberia exatamente o que fazer agora, mas se você quer me deixar de fora, eu posso tentar ser feliz lá fora.
terça-feira, novembro 02, 2010
Remar. Re-amar. Amar.
Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica, o que for. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.
Não desista.
Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar. Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista.
Não se perca. Não queira me perder.
Pra sempre sua.
Mas aí, daqui uns dias.... você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.
Apenas um beijo.
Um outro lugar.
Sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada.
Mas venha.
Você quis.
Quem se importa?
Desespero.
I don't want the world. I want you.
Eu mesma.
Não vai voltar.
Morrer não dói.
Não mais.
Assinar:
Postagens (Atom)